Stephanes por Ruth Bolognese


As tentações da corrupção e como resistir.

(por Ruth Bolognese) – Aos 26 anos, recém chegado de uma especialização em administração pública na Alemanha, o ex-ministro Reinhold Stephanes assumiu a secretaria de Finanças de Curitiba. De lá pra cá, lá se vão 51 anos de vida pública, 3 vezes ministro (Previdência e Agricultura), 6 legislaturas como deputado federal e inúmeros cargos de primeiro escalão nos governos federal e estadual.

E nos tempos que correm um dado de extrema importância: o nome alemão de Reinhold Stephanes nunca apareceu em nenhuma denúncia por qualquer irregularidade em todas as funções que exerceu e nem mesmo em listas de doadores de campanha, notadamente empreiteiras. “Fui criado por avós alemães, sou luterano, estudei na Alemanha, onde a opção pelo serviço público é quase uma missão religiosa. Nunca poderia transigir nisso”, afirma.

Essa trajetória será conhecida através do livro que Stephanes pretende lançar ainda nesse ano sob o título – “Da Enxada para o Ministério da Agricultura” – onde o capítulo sobre corrupção terá histórias com personagens bem conhecidos dos brasileiros.“Quando fui nomeado ministro da Previdência o então deputado Eduardo Cunha chegou numa manhã, antes de mim, no gabinete e me entregou uma lista com cinco ou seis nomes indicados pelo MDB para ocupar a presidência de vários fundos de pensão das estatais. Eu devolvi a lista e no outro dia quem veio tratar comigo, do mesmo assunto, foi o então deputado Michel Temer. Neguei de novo. E meses depois tive que sair do partido, por pura pressão desse grupo”, relembra Stephanes.

No rigoroso cuidado com a chamada coisa pública, o ex-ministro teve que recusar, desde cedo, qualquer agrado enviado por fornecedores contentes com negócios com o Estado. Devolveu, por exemplo, um relógio de ouro enviado pela CR Almeida, a maior empreiteira do Paraná, depois de ter solucionado um impasse numa demanda oficial.

Nas campanhas eleitorais em que disputou vaga na Câmara Federal, Stephanes contou com o apoio financeiro de um dos seus melhores amigos, Edson Bueno, presidente da Amil, falecido em 2017. –
“Sempre fiz campanhas franciscanas e o Edson cobria os gastos básicos, por amizade”, explica.
Já aposentado, vivendo confortavelmente, Stephanes é a prova que, mesmo com bons salários no serviço público, não se enriquece, a não ser através de tráfico de influência ou corrupção mesmo. “Vivo bem, mas meu patrimônio é o que conquistei através dos meus salários apenas”, afirma.

Atualmente, Reinhold Stephanes (PSD) exerce seu mandato de deputado Federal em Brasília e coordena o programa de governo do candidato Ratinho Jr. ao governo do Paraná